Luminiscencias


Luminiscencias

ANGELA SANTOS


Vêm, e trazem o som de rendas ou sedas que se arrastam
são brancos , opacos, leitosos,
ou de uma indistinguivel luz , só sentida no ardor da pele tocada

vêm, àquela hora em que o sol morno não demora
e deixam no ar um gosto a chegada e a partida,
fazem-nos acreditar de tanto os querer,
outras vezes adivinhamo-los
acenando por detrás de uma cortina invisivel

Vem, umas vezes dessa forma,
outras tomam a densidade do que somos feitos
E passeiam-se ante os nossos olhos, mostram-se em gestos afáveis
nas palavras que são quase um sopro cálido à hora vespertina

Anjos, ou outros que sabemos?
Navegamos o lado menos claro,
cegos pelo Néon das luzes de uma suposta sabedoria
onde se desenha um mundo feito de coisas pequenas
e delas vivemos e com elas erguemos o muro do óbvio
a partir do qual nada mais acreditamos.

E contudo eles passeiam-s esperando que o acaso,
o desespero, ou a muita luz
nos deixem ve-los pelo lado de dentro